Out of the depths of the birth of the Portuguese nation, seen in the aftermath of the English Ultimatum of 1890 and in the scope of all the
discussion concerning the causes for the decline of Peninsular Peoples, Eça de Queirós - at the end of his life, in a period when he had been
writing several hagiographies - brings us the tale of the illustrious House of Ramires. The element of burlesque and the criticism surrounding
the "Nobleman of the Tower", Gonçalo Mendes, named after Gonçalo Mendes "the Champion" da Maia, reveal an aristocracy in decadence just as the
old tower of Ramires and Portugal: spineless and volatile, without faith and oportunistic, mediocre and, in a word, uncapable of great achievements.
However, it is exactly a great achievement that the noblemen ends up accomplishing, by outlining in the story he writes the web of greatness that is the essence
of his House and, therefore, Portugal. In the bucolic setting of Vila-Clara, we witness the rebirth of Gonçalo Mendes Ramires, who finds his courage in an
unwanted dispute and by pure luck, intended to be seen as the rebirth of Portugal itself.
The incisiveness and criticism of social figures are exquisitely sketched by Eça, filling the novel with charming characters: the pharmaceutic who plays fado and the
mighty "Titó"; the most beautiful D.Ana Lucena, the misbehaving daughter of a butcher, who is married to the old and boring, but very wealthy, Sanches Lucena, representative
of the Gouvernment in the region; the bully "Caça-Abraços" (he who hunts for hugs), rightfully punished; the submissive and poor wife of Cascas and the girl in the wagon - all of this in the midst of the simple gestures of aristocratic nobility, that
come naturally to young Ramires.
The other side of the story, dark but with immense glory, is the novel that he writes: full of grand and most bloody gestures, romanticizing an age when Portugal was founded.
It is, thus, as if it was a redemption of Portugal, in a time of disillusionment, presenting us with a country that is shy and rash, but capable of great achievements, contrary to
the initial statement, elegantly disputed - as is stated by João Gouveia, who compares the figure of Gonçalo Mendes to that of Portugal itself.
I enjoyed the social tapestry and the subtle humour, the historical recriation and the literary style, but the implicit tendency towards a glorification of the past
brings a wrong tone to an otherwise harmonious ensemble, as the voice of a tired Eça, devoid of his costumary corrosiveness.
Check out Scott G.F. Bailey's opinion...
Das profundezas de um Portugal antiquíssimo, visto no rescaldo do Ultimato Inglês e no âmbito das discussões
sobre as causas de decadência dos Povos Peninsulares, Eça de Queirós - e um Eça que andava a escrever hagiografias
e se encontrava em fim de vida - traz-nos a história da ilustre casa de Ramires. O burlesco e a crítica ao "Fidalgo da Torre",
Gonçalo Mendes, como "o Lidador", revelam-nos uma aristocracia tão decaída quanto a velha torre dos Ramires e Portugal: sem fibra e volátil,
sem crença e oportunista, medíocre e, enfim, incapaz de grandes feitos.
Porém, um grande feito o dito fidalgo acaba por fazer, ou ir fazendo, ao traçar na sua novela a trama de que é feita a grandeza da sua casa e,
por conseguinte, de Portugal. No bucólico cenário de Vila-Clara, assistimos a um renascer de Gonçalo Mendes Ramires, que encontra a sua coragem
num recontro indesejado e por pura sorte, que se pretende um renascer da própria pátria.
O retrato incisivo e crítico das figuras sociais, que tão bem esboça Eça, enche o romance de personagens impagáveis: do farmacêutico fadista ao possante
"Titó"; a belíssima D.Ana Lucena, filha de talhante e prevaricadora, casada com o velho e enfadonho, mas riquíssimo, Sanches Lucena, dono do Círculo pelos Regeneradores; o matulão "Caça-Abraços", que leva o castigo justo;
a submissa boçalidade da mulher do Cascas e da menina da carroça - tudo permeado de pequenos gestos de nobreza aristocrática que surgem naturalmente ao jovem Ramires.
O outro lado da história, negro mas cheio de glória, é a novela que este escreve: cheia de gestos grandiosos e sanguinários, romantizando uma época em que nasce Portugal.
É, assim, como que uma redenção da pátria numa época de desilusão, apresentando-nos um Portugal tímido e irascível, mas capaz de grandes feitos, ao contrário do que é
inicialmente dado a entender - como o diz o João Gouveia, que compara Gonçalo Mendes a Portugal.
Gostei da tapeçaria social e do humor subtil, da recriação histórica e do estilo literário, mas o saudosismo implícito soa-me mal, a um Eça cansado.
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